Absentismo crónico e estrutural não está a ser tratado
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) padece, atualmente, de um “absentismo crónico e sistemático” por parte dos enfermeiros, que não se verificava, por exemplo, há 10 anos. E o pior é que o problema não está a ser tratado. O aviso é de Rui Paixão, dirigente da região Centro do SINDEPOR.
“Aumentou o absentismo e hoje em dia temos um absentismo crónico e estrutural, que não está a ser tratado em lado nenhum”, afirmou Rui Paixão, durante um seminário online de Capacitação e Adaptação ao Mercado Laboral. Uma das consequências do elevado absentismo, de acordo com Rui Paixão, é o constante recurso ao trabalho extraordinário, que sobrecarrega os enfermeiros de serviço e provoca um sobrecusto financeiro.
O dirigente do SINDEPOR explicou que a falta de enfermeiros é um dado que todos reconhecem, mas isso não se traduz, como devia, na contratação de mais colegas. Perante uma plateia que na sua maioria era constituída por alunos finalistas da licenciatura em Enfermagem, Rui Paixão aconselhou os futuros colegas a dominarem o mais possível a ânsia de começarem a trabalhar.
Desde logo, porque os valores base tabelados para os sectores privado e social são inferiores aos 1280 euros que constituem o ordenado de entrada no SNS. No entanto, o mais provável é os recém-licenciados serem confrontados com ordenados ainda mais baixos, nomeadamente em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI).
A este propósito, o professor António Batista considerou “inadmissível um enfermeiro ir ganhar, limpos, 800 e 750 euros”. Conforme defendeu, “alguém tem que fazer alguma coisa em relação a isto” e, na sua perspetiva, “compete ao regulador e o regulador chama-se Ordem dos Enfermeiros”.
Nesse sentido, defendeu que a Ordem deveria emitir “um normativo e um despacho direto, naquilo que é o exercício das suas funções, a dizer que nenhum enfermeiro pode usufruir uma remuneração inferior àquilo que é a lei geral; isto é o mínimo que se pode fazer”.
Com cerca de uma centena de participantes, o seminário online de Capacitação e Adaptação ao Mercado Laboral faz parte da Unidade Curricular de Integração à Vida Profissional, do 4.º ano da licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Saúde da Guarda. Além de Rui Paixão, participaram neste seminário os presidentes do SIPEnf e SNE.