C.S. São João de Deus em Barcelos funciona com escassez de enfermeiros

O SINDEPOR recebeu várias queixas de enfermeiros sobre o funcionamento da Casa de Saúde São João de Deus, em Barcelos. Este estabelecimento, especializado em cuidados de saúde psiquiátricos, dispõe de poucos enfermeiros ao serviço, uma escassez que se faz notar mesmo durante o dia, com apenas seis enfermeiros ao serviço, no turno da manhã, e outros seis à tarde.
Já no período noturno trabalham apenas três enfermeiros para um universo total de cerca de 270/280 utentes. Além dos potenciais riscos para os utentes, a falta de enfermeiros não permite o adequado usufruto dos períodos de descanso previstos por lei durante o período de trabalho.
Mas os problemas não se ficam por aqui. Muitas vezes os enfermeiros são vítimas de agressões físicas. Além disso, os profissionais correram riscos elevados devido à falta de equipamentos de proteção individual na fase mais aguda da pandemia de covid-19, e, no caso dos enfermeiros prestadores de serviços, não existe acréscimo de pagamento em período noturno, feriados e fins de semana.
Estes problemas já tinham sido enviados por escrito à instituição, mas, poucos dias depois de o país ter aprovado o Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2021-2026, foram expostos de viva voz, esta quinta-feira, pelo coordenador da região norte do SINDEPOR, Tiago Ramos, e pela tesoureira, Helena Queirós. Nesta reunião, os representantes do nosso sindicato foram recebidos pelo diretor de enfermagem, Carlos Violante, e por Pedro, enfermeiro coordenador de uma das unidades desta casa de saúde.
Na resposta aos problemas apresentados, os responsáveis da Casa de Saúde São João de Deus admitiram que os recursos humanos são limitados, mas que, apesar dessa circunstância, não é posta em causa a segurança de profissionais e utentes. Ao mesmo tempo, destacaram que, num quadro que caraterizaram de escassez financeira, tem havido um esforço, nos últimos anos, para terem mais enfermeiros ao serviço e que, em caso de necessidade, efetuam reforços de equipas, existindo esta disponibilidade quando os profissionais identificam carências.
Da nossa parte, insistimos que a instituição padece de escassez de enfermeiros e que esta se torna ainda mais expressiva quando, durante os turnos, há enfermeiros que ficam responsáveis por tarefas burocráticas e não assistenciais. Os responsáveis da casa de saúde de Barcelos argumentaram que as equipas são multidisciplinares e que, por vezes, outros colegas ajudam os enfermeiros. Além disso, alegam que a maioria dos utentes são casos que definem como moderados e, por isso, necessitam de menores cuidados, nomeadamente durante a noite.
A existência de agressões por parte de utentes é algo que é reconhecido e que infelizmente afeta todos os profissionais e não apenas os enfermeiros. Além de existirem procedimentos internos e interajuda para lidar com estas situações, foi ainda garantido que cada caso é analisado e são tomadas medidas no sentido de as agressões não se voltarem a repetir.
Sobre a falta de equipamentos de proteção individual durante a fase mais aguda da pandemia, reconheceram que a mesma existiu, de facto, mas por indisponibilidade de equipamento e não por falta de vontade de o comprar. Asseguraram ainda que, nesta altura, já não se verificam faltas de equipamento.
Quanto aos prestadores de serviço, foi explicado que recebem valores entre 9 e 10 euros/hora e que este se mantém sempre, quer se trate de períodos de trabalho normal, noturno, em feriados ou no fim de semana. Consideraram que, não sendo montantes ideais, não deixam de ser dignos.
Apesar de todas as explicações, o SINDEPOR insistiu que o número de enfermeiros na instituição é insuficiente. Porém, os seus responsáveis afirmaram que não existe intenção de contratar mais colegas, prevendo-se, antes, a diminuição da lotação de utentes.