Enfermagem, uma oportunidade política para os partidos

Marta Temido publicou ontem um artigo de opinião no diário As Beiras, intitulado “Nem tudo o que parece é” e inteiramente dedicado ao Orçamento de Estado (OE) para o próximo ano. 

O artigo da atual deputada do PS na Assembleia da República elenca o que a autora considera serem os benefícios sociais do próximo OE. 

Sintomaticamente, o artigo não contém qualquer referência ao SNS ou ao sector da Saúde. Um pouco estranho para quem foi ministra da Saúde durante praticamente 4 anos, mas, ao mesmo tempo, compreensível. 

Recordamos que o artigo é sobre benefícios do novo OE e o peso dos problemas no SNS é de tal forma esmagador que desmotiva qualquer referência quando o objetivo é falar de medidas positivas. 

Do ponto de vista dos enfermeiros, os últimos metros da governação do PS apenas acentuaram as injustiças de que somos vítimas. 

À completa estagnação a que fomos condenados nos oito anos de governação socialista juntou-se a injustiça do aumento salarial concedido aos médicos ou a sempre e crescentemente gritante falta de paridade entre os salários dos técnicos superiores da função pública e os enfermeiros.

A situação da nossa classe profissional chegou a um cúmulo tal que só pode ser motivo de grande atenção por parte de todos os partidos que vão concorrer às eleições do próximo dia 10 de março. E será sempre justo e inteligente empunhar a bandeira dos problemas dos enfermeiros e da enfermagem, seja como Governo ou como oposição. 

Olhemos para o exemplo dos Açores e da Madeira, onde temos vindo a conquistar alguns progressos para os enfermeiros. E, por coincidência ou talvez não, não ouvimos falar de problemas nos sistemas de saúde públicos dos dois arquipélagos ou os que surgem não têm comparação com um SNS cujas falhas e insuficiências são notícia todos os dias. 

Dá que pensar. 

Porque mudar é preciso.