Enfermeiros do Hospital de Alcobaça têm saudades dos tempos em que estabelecimento era autónomo

As condições de trabalho dos enfermeiros deviam ser semelhantes em todo o SNS? Deviam. Mas sabemos que não é assim e aos enfermeiros do Hospital de Alcobaça calhou-lhes um conselho de administração muito pouco ou nada sensível para os problemas que afetam os seus enfermeiros.
 
Por isso muitos têm saudades dos bons tempos em que o estabelecimento era autónomo. De uma coisa não têm dúvidas: estarem sob a alçada do Centro Hospitalar de Leiria é a pior fase de que têm memória.
 
Na recente visita que efetuámos ao Hospital de Alcobaça, as falhas, deficiências e erros que nos reportaram são semelhantes ao que ouvimos, há poucos dias, no Hospital de Leiria.
 
Enfermeiros obrigados a ir “tapar buracos” – apenas com ordens orais – em serviços que desconhecem, com os riscos pessoais e para os utentes que isso acarreta.
 
Colegas obrigados a fazer trabalhos que não são da sua competência por falta de assistentes operacionais e ficando sem tempo para a enfermagem propriamente dita.
 
Existe um chefe de enfermagem para cinco serviços distintos. Ora, como este colega não tem o dom da ubiquidade, a sua ausência física nos vários serviços que coordena origina uma série de entropias, inclusive na relação com os médicos.
 
Só a aplicação do recente Decreto-Lei 80-B/2022 originou uma avalanche de reclamações (isto no caso de quem recebeu a contagem, porque há quem ainda não a tenha recebido), na maior parte dos casos que nos relataram sem respostas. A desculpa de que aguardam instruções da ACSS já se está a tornar clássica.
 
Não contagem do primeiro ano de trabalho, não contagem do tempo de trabalho noutras instituições do SNS, não contagem do período em que os colegas trabalharam com vínculos precários. A gama de atropelos aos direitos dos enfermeiros é longa.
 
A mesquinhez da gestão no Hospital de Leiria chega a este ponto: os colegas com contrato de trabalho em funções públicas têm direito a um dia de férias extra por cada dez anos de trabalho. Mas esse dia não é atribuído no 10º, 20º ou 30º ano de trabalho. Não. No Hospital de Alcobaça é atribuído no 11º, 21º ou 31º ano de trabalho!
 
Tudo informações que iremos levar à reunião urgente que pedimos ao conselho de administração do Centro Hospitalar de Leiria e cuja data continuamos a aguardar.
 
Representado pelo coordenador da região Centro, Nuno Couceiro, e pela dirigente Margarida Vieira, nesta visita ao Hospital de Alcobaça o SINDEPOR esteve nos Cuidados Paliativos, Cirurgia de Ambulatório, Medicina, Consulta Externa e Urgência. Porque mudar é preciso!