Enfermeiros ponderam tabelas remuneratórias para setores privado e social
A necessidade de tabelas remuneratórias orientadoras para os enfermeiros nos setores privado e social foi defendida num encontro promovido pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR), que juntou, no Porto, uma dezena de associações. Tiago Ramos manifestou disponibilidade do SINDEPOR, enquanto coordenador na região Norte, para a concretização de tabelas aplicáveis a várias áreas de enfermagem e que garantam valores aceitáveis para os independentes a recibo verde.
Na reunião, que foi realizada no final da semana passada para discutir novas formas de sindicalismo, foi também defendida a conciliação do trabalho com a vida privada, entre outras matérias que os enfermeiros querem ver no centro do debate, como a violência em contexto laboral. As associações juntaram-se para lançar novos caminhos e abordagens que permitam renovar o modelo de sindicalismo que consideram ser antiquado, mas as questões salariais e as condições de trabalho acabaram por dominar as atenções.
Ganhar 900 euros no setor social
Para João Paulo Carvalho, da Secção Regional da Ordem dos Enfermeiros, a enfermagem precisa, desde logo, “de união sindical” e “de mesas de negociações conjuntas para resultados concretos e objetivos”. Desafiou as associações a também darem a cara pelos problemas da profissão e os sindicatos a olharem para o setor social. “Nós temos colegas a ganhar 900 euros. Isto é faltar ao respeito aos colegas”, denunciou o representante da Ordem.
Já para Belmiro Rocha, da Associação Portuguesa de Enfermeiros de Reabilitação, são irrealistas as recentes propostas de reforma aos 55 anos que alguns partidos levaram a votação na Assembleia da República.
Prestadores de serviços
Pela Associação Portuguesa de Enfermeiros de Diálise e Transplantação, Fernando Vilares apelou aos sindicatos para estarem mais atentos à prestação de cuidados de saúde no setor privado. “Acho boa ideia que se preocupem com os enfermeiros prestadores de serviços. Para esses trabalhadores independentes devia haver uma tabela de remunerações orientadora”, defendeu o responsável.
Por sua vez, José Gomes, da Associação Portuguesa de Enfermeiros e Médicos de Emergência, queixou-se da falta de pessoal, qualificação e recursos materiais quando “as condições de exercício têm vindo a degradar-se”.
Infantários e estacionamento
Vítor Brasileiro, da Associação Nacional de Enfermeiros do Trabalho, considerou um erro falar de salários na comunicação social, “porque, se calhar, 1200 euros, para a maior parte da população portuguesa, é um bom ordenado”. E destacou, por exemplo, a importância de temas como a conciliação entre trabalho e família. “Cada vez mais as pessoas preocupam-se com outras questões sem ser os salários”, alertou, dando o exemplo da falta de infantários para os filhos ou de estacionamento.
Uma das principais bandeiras dos sindicatos é a contestação ao SIADAP, o sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na administração pública. Porém, Vítor Brasileiro defende que a avaliação é boa para os enfermeiros. “As pessoas não são contra o SIADAP, as pessoas são é contra as quotas do SIADAP”, salientou no encontro. Além disso, referiu que há auxiliares de ação médica que hoje já só prestam cuidados ao doente”. “Os enfermeiros estão a entregar o ouro ao bandido, cada vez mais estão a desligar-se dos cuidados”, alertou, por isso.
Do mesmo modo, Manuel Valente, da Associação de Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses, sugeriu que os sindicatos falem da conciliação do trabalho com a vida privada. Os relatos de violência por parte dos utentes são um problema, mas este enfermeiro disse estar mais preocupado com a violência “interequipas” e com colegas que desempenham tarefas “que não têm a ver com a enfermagem”.
Já Lídia Videira, da Associação Portuguesa de Enfermagem Pediátrica e Neonatal, defendeu um maior reconhecimento pela sociedade, dentro da própria instituição e dentro do Serviço Nacional de Saúde.
O SINDEPOR renova os agradecimentos a:
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