Esclarecimento

Sobre a greve decretada apenas por um sindicato para hoje, dia 7 de Julho, ela limita-se apenas à ARS de Lisboa e Vale do Tejo.
Deveria o sindicato que a convocou ter informado devidamente e de forma inequívoca os enfermeiros assim como os serviços mínimos a que estão obrigados.
Nas próprias Diretivas que anunciaram está bem explícito que:
– PESSOAL ABRANGIDO
“Todo o pessoal de enfermagem que, independentemente do seu vínculo ou da natureza dele, esteja colocado nos estabelecimentos ou serviços referidos em 2 (enfermeiros do quadro, tarefeiros, contratados, avençados, parteiras e não sindicalizados em qualquer Sindicato).”
Ou seja:
Não inclui os restantes sindicatos, nem os seus sindicalizados, pois não fomos solicitados para colaborar ou participar e, como tal, não podemos vir a ser responsabilizados pelas suas consequências.
Todos sabemos que agora, como há demasiado tempo, razões não faltam para os enfermeiros protestarem e encetarem lutas, mas sobretudo neste momento há dois grandes fatores a ponderar:
1- Com a carência crónica e cada vez mais grave de recursos humanos que se acentua neste período do Verão, em muitos casos já se está a trabalhar abaixo dos mínimos que legalmente (e infelizmente) nos são impostos.
Isso equivale a dizer que, legalmente, estamos sujeitos a maior cumprimento em período de greve do que em período normal, onde não existem regras definidas.
2- Estamos em pleno processo negocial com o Governo, atualmente mais focado nas justas progressões que a todos afetam, o processo negocial tem um prazo de 120 dias e iniciou-se em Maio.
Isso significa que (assumido publicamente pela sra. secretária de Estado da Saúde) há interesse de ambas as partes que ele esteja concluído em Setembro de 2022.
Ora, todos sabemos que perante o cenário de greves, a primeira reação do Governo é interromper as negociações, alegando que “não negoceia sob pressão”.
Incompreensivelmente, por vezes parece que o papel de alguns sindicatos é dar esse contributo para que mais uma vez as negociações não cheguem a bom porto.
Mesmo uma greve de um só dia, que sabemos não resolverá nada poderá ter como consequência a interrupção de muitas reuniões de trabalho e de um processo negocial que, recordamos, foi o próprio Ministério da Saúde que anunciou que quer resolver por ser da mais elementar justiça.
Resolver todos queremos, mas há que ter em atenção os procedimentos e suas consequências.

Carlos Ramalho, presidente do SINDEPOR