Infeliz pronúncio para a futura governação do Ministério da Saúde
Manuel Pizarro, atual ministro da Saúde, não poderia ter dado pior indicação do que será a sua governação no Ministério da Saúde. Depois de tantos anos à espera, é com muita consternação que o SINDEPOR anuncia, que para início de gestão do Ministério da Saúde já se começou muito mal…
Havia um compromisso assumido entre as partes, um protocolo negocial assinado, que assumidamente não resolveria nem uma pequena parte dos problemas dos enfermeiros, mas seria um bom – finalmente – recomeço. Pelo menos para a revisão dos pontos “esquecidos” para progressão de todos os enfermeiros. Ainda estaria para vir e resolver rapidamente as questões dos enfermeiros que trabalham no sector privado e social.
Enfim, teríamos que começar, ou melhor “recomeçar”, por algum lado… Mas não, mais uma vez, outros valores, os mesmos de sempre, nos impediram de amanhã concretizar este acordo e sem nenhuma explicação ou justificação, amanhã não haverá reunião que conclua…
Tem sido o nosso “fado”, desde os últimos 20 anos, o mesmo aconteceu com a negociação do ACT, em 2019, quando a “desculpa” foram as eleições legislativas. Acham mesmo que somos assim tão estúpidos, para acreditar na velha máxima que diz que “de vez em quando terá que mudar alguma coisa, para que tudo fique na mesma”?
O limite há muito que foi ultrapassado; agora vai chegar a hora de provar que, sem enfermeiros, não serão apenas pontualmente alguns serviços, durante algumas horas, em alguns dias da semana, que estarão em risco, caso os enfermeiros se recusem a realizar mais horas extraordinárias ou trabalhar em vários serviços para além dos que estão legalmente obrigados.
Os compromissos, quando sérios, assumidos por gente séria, são para cumprir. Basta de resiliência de apenas uma das partes. Este cancelamento da reunião, feito em cima da hora e sem a devida informação aos sindicatos, não é apenas uma falta de respeito pelos sindicatos, é uma falta de respeito por todos os enfermeiros que têm suportado o SNS, nestes momentos difíceis e, sobretudo, uma falta de consideração e respeito por toda a população portuguesa.
Carlos Ramalho, presidente do SINDEPOR