Revolução digital? No SNS profundo ainda se regista em papel

O mundo é cada vez mais digital e os organismos públicos gostam de alardear a eliminação do papel em nome do ambiente e da sustentabilidade. Mas será que é assim em todo o lado? O SINDEPOR visitou unidades de cuidados de saúde primários e descobriu que não.
Os enfermeiros foram formados para prestar cuidados de saúde, mas os responsáveis estão mais preocupados que a nossa classe profissional apresente bons indicadores em vez de colocarem em primeiro lugar a resposta aos utentes.
Neste quadro são precisos “vinte e tal cliques” para registar uma vacinação no sistema. Com os dados introduzidos no computador seria de esperar, em plena era da digitalização, que terminava o trabalho burocrático do enfermeiro.
Mas, se tal acontecesse, não estaríamos em Portugal e no SNS. Além do computador, o enfermeiro tem depois de cumprir o “controlo interno”. Ou seja, registar cada vacinação, escrita, à mão, numa folha que é colocada num velho dossier arquivador. Uma duplicação burocrática incompreensível que apenas gera ineficácia e desperdício de tempo e de recursos.
Já o sistema informático peca pela “teimosia” e falta de atualização. Teima, por exemplo, em considerar ilegíveis para vacinação pessoas que não querem ou não podem ser vacinadas, por exemplo, por se encontrarem a trabalhar no estrangeiro. O enfermeiro insere essa informação, mais do que uma vez, e o sistema continua a considerar o utente como ilegível. A teimosia é tanta que chega ainda ao ponto de considerar ilegíveis utentes que, infelizmente, já faleceram.
Queremos ouvir os problemas dos colegas e, mais uma vez, os enfermeiros continuam a reivindicar uma idade de reforma mais cedo e a queixarem-se dos baixos salários e condições de trabalho cada vez mais degradantes, bem como da falta de reconhecimento que sentiram durante a fase de luta mais aguda contra a pandemia de Covid19.
Da nossa parte, destacamos que, graças à intervenção do SINDEPOR, agora a ULS da Guarda já atribui dia de descanso compensatório aos enfermeiros que trabalham em dia de descanso semanal obrigatório, de acordo com a lei. Esta reposição da legalidade aconteceu no passado mês de abril, mas os colegas podem reclamar créditos anteriores.
O SINDEPOR visitou, esta quarta-feira, os centros de saúde do Sabugal e de Almeida e a USF a Ribeirinha, na Guarda. Participaram nestas visitas os dirigentes Rui Paixão e António Pedro Vasconcelos.








