Se os enfermeiros fizessem mais partos, as maternidades estariam abertas

O coordenador da região Sul do SINDEPOR, Luís Mós, adianta que os enfermeiros fazem 60% dos partos. Na sua opinião, se fizessem mais, numa proporção que poderia ir até 100%, ou perto disso, o mais certo era as maternidades estarem abertas, evitando dessa forma que tantas grávidas enfrentem constrangimentos constantes.

Luís Mós falava numa conversa, promovida esta semana pelo BE, que sentou à mesa vários representantes de trabalhadores do sector da Saúde e os mais altos dirigentes do partido. 

O sindicalista começou por aceitar que o recente plano de emergência para o SNS seja mais centrado nos utentes, mas lamentou que o mesmo não contenha melhorias das condições de trabalho para os enfermeiros. 

Na sua ótica, urge criar uma carreira digna para atrair enfermeiros para o SNS. Inclusive, sugeriu que o tempo de trabalho de quem está no sector privado possa ser tido em consideração de forma a atrair estes profissionais.

O coordenador da região Sul do SINDEPOR pediu também um sistema de avaliação SIADAP adaptado à enfermagem e que possa ser aplicado de forma mais rápida e eficaz. Defendeu ainda progressões salariais assim que o enfermeiro acumule 4 pontos e não os 8 pontos que vão entrar em vigor no próximo ano.

Os ordenados foram outro ponto abordado por Luís Mós, que propôs valores de entrada no SNS de 1754 euros para o enfermeiro generalista, de 1969 euros para o especialista e de 2949 euros no caso do gestor.

A falta de enfermeiros leva a que seja inevitável trabalhar horas extraordinárias. Neste caso, o representante do SINDEPOR no debate promovido pelo BE propôs, nos dias úteis, um acréscimo de pagamento de 50% na primeira hora e de 75% nas seguintes. Já no caso dos dias de descanso semanal ou feriados, apontou um acréscimo de 100% em todas horas extra.

Luís Mós defendeu ainda que deve ser o SNS a pagar bolsas de especialidade e não o enfermeiro. 

Naturalmente, não deixou de criticar e lamentar uma das maiores injustiças que hoje vigora em – infelizmente – demasiados estabelecimentos do SNS e que se prende com o facto de os enfermeiros com contrato individual de trabalho, apenas porque têm um vínculo diferente, não têm direito a um dia de férias extra por cada dez anos de trabalho, como é concedido a todos os restantes profissionais, sejam ou não enfermeiros. Porque mudar é preciso.