SINDEPOR marca greve ao trabalho extraordinário nos últimos dois meses do ano

O Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) decretou greve de enfermagem a todo o trabalho extraordinário, entre as 00h00 de 3 de novembro e as 24h00 de 31 de dezembro. A greve abrange o sector público, na totalidade do território nacional, incluindo Açores e Madeira. 

“A capacidade de resposta do SNS piora dia para dia, prejudicando todos os portugueses, sejam eles profissionais do SNS ou não. Não duvidamos que, com trabalhadores mais satisfeitos, aumenta a qualidade da resposta do SNS e os enfermeiros são a maior classe profissional deste serviço. Neste quadro e perante a total incapacidade do Ministério da Saúde para sequer ouvir os nossos problemas, fomos forçados a avançar para a greve”, justifica Carlos Ramalho, presidente do Sindepor. 

“Contactamos regularmente com os enfermeiros nos hospitais e nos cuidados de Saúde Primários. Estão cansados, revoltados e desmotivados e é uma classe cada vez mais envelhecida, o que tem levado a um claro aumento do absentismo. Neste quadro, a nossa greve permite-lhes, pelo menos não serem obrigados a fazer horas extras, sobrecarregados que estão com as que fizeram durante o resto do ano”, aponta o sindicalista. 

Entre os motivos que levaram à marcação desta greve de dois meses ao trabalho extraordinário, o Sindepor exige a integração imediata nos quadros das instituições públicas de todos os enfermeiros com contractos de trabalho válidos. Acresce o cumprimento das chamadas “dotações seguras”, através da admissão imediata de enfermeiros, respeitando a norma de cálculo de dotações seguras dos cuidados de enfermagem, bem como a consagração efetiva da autonomia das instituições para contratarem.

O sindicato reclama a concretização da regularização e da abertura de concursos para todas as categorias, nomeadamente Enfermeiro, Enfermeiro Especialista e Enfermeiro Gestor, assim como para as funções de direção, aliada à justa aplicação legal da “contagem de pontos” a todos os enfermeiros para efeitos de progressão na carreira, de acordo com o preconizado no Dec. Lei 80-B/2022, de 28 de Novembro, sem discrepâncias.

Para o Sindepor é ainda urgente a abertura imediata das negociações com o Ministério da Saúde para a negociação de uma Carreira de Enfermagem aplicável de igual forma, que valorize a profissão, corrija desigualdades, injustiças e as discriminações atuais, que inclua a compensação do risco, desgaste rápido e penosidade inerente à profissão e nomeadamente através da atribuição de subsídio de risco e condições específicas de acesso à aposentação sem penalizações.

Neste capítulo, o sindicato defende uma revisão da tabela salarial, relativamente não só aos valores pecuniários, como também à sua estrutura e progressões, por forma a valorizar o investimento pessoal dos enfermeiros na sua formação, do qual sai beneficiado o SNS. 

Por último, o Sindepor reivindica um modelo de Avaliação do Desempenho justo, transparente e exequível, que considere as especificidades da profissão e promova o desenvolvimento profissional e salarial dos enfermeiros, contribuindo dessa forma para o reforço do SNS.

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