SINDEPOR pede reunião urgente à direção de enfermagem do Hospital de Santa Marta

O SINDEPOR visitou, esta quarta-feira, dois serviços do Hospital de Santa Marta, em Lisboa – a Enfermaria de Cardiologia e a UCI. A elevada quantidade de problemas que nos foram reportados levaram-nos a pedir uma reunião urgente à direção de enfermagem do Hospital. Ao mesmo tempo, iremos voltar a este estabelecimento, logo que possível, para visitarmos mais serviços.

Na Enfermaria de Cardiologia alguns colegas estão insatisfeitos devido à demora excessiva na resposta a assuntos relacionados com a atribuição de pontos pela aplicação do Decreto-Lei n.º 80-B/2022, de 28 de Novembro.

Outro motivo de desagrado para os enfermeiros é o Banco de Horas, com valores muito elevados e sem perspetiva de redução a curto/médio prazo. Informaram-nos também de dificuldades de reposição de fardas lavadas em tempo útil, provocando constrangimentos vários, como enfermeiros a pedirem fardas a colegas ou inexistência de fardas lavadas aos fins semana e feriados. No geral, a falta de fardas lavadas afeta mais os tamanhos maiores.

Já na UCI os colegas referiram sobrecarga de turnos e de trabalho, muitas vezes próximos de um estado de “burnout”, de acordo com um estudo realizado no serviço.

A política do serviço privilegia a ocupação total das camas disponíveis, levando a rácios enfermeiro/doente que estão abaixo das recomendações de vários organismos.

Além da ocupação total das camas disponíveis, ainda existe a necessidade de colocar alguns doentes em macas. Estas são colocadas entre as camas de UCI, agravando a sobrecarga de trabalho.

Estes doentes em macas ficam em precárias condições de assistência e monitorizados de forma nem sempre adequada, agravando o risco clínico para todos os doentes.

Questões muito relevantes num hospital altamente diferenciado e especializado em Cardiologia e em Cirurgia Cardiotorácica.

As equipas de enfermagem têm enfermeiros muito jovens, com pouca experiência/formação em cuidados intensivos, colocando em causa o equilíbrio de algumas equipas em termos de capacidade de resposta a situações mais críticas/complexas.

Constatámos a ausência de dias destinados à formação e a falta de uma formação em serviço sistematizada, organizada e regular.

O horário de trabalho apresenta saldos finais superiores a 100 horas, havendo um caso de 187 horas acumuladas.

Verificámos que o Banco de Horas não é apresentado nas escalas mensais de trabalho e, em vários casos, é superior a 80 horas.

Ainda na UCI, encontrámos uma copa exígua, encurtada em área por equipamentos de apoio e por profissionais de saúde efetuando registos neste cubículo.

Tomámos conhecimento que o refeitório do pessoal funciona em horário extremamente limitado ao jantar, das 18h45 às 19h30, não respeitando os tempos mínimos de refeição atribuídos aos enfermeiros em jornada contínua.

Perante este cenário, existe uma insatisfação generalizada dos enfermeiros, que manifestaram um enorme desejo de melhoria, mas têm um grande apreço pela área altamente especializada em que trabalham, motivo pelo qual vão resistindo a propostas de trabalho mais aliciantes noutras instituições.

Participaram nesta visita, o coordenador da região Sul do SINDEPOR, Luís Mós, e os dirigentes Elsa Guerreiro, Marina Afonso e Paulo Pinto. Porque mudar é preciso!