Sindicato e Ordem devem ser complementares na defesa da Enfermagem

Quando há uma queixa, um sindicato defende o enfermeiro de uma forma jurídica. A Ordem dos Enfermeiros (OE) faz uma situação contrária: vai perceber se o enfermeiro falhou. Depois haverá uma análise que poderá, até, resultar na suspensão do profissional”, afirmou o coordenador da região centro do SINDEPOR, Nuno Couceiro, durante uma “mesa redonda” transmitida esta terça feira via Zoom. O debate foi promovido por António Batista, responsável pelo seminário de Integração na Vida Profissional da licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico da Guarda.

A destrinça feita por Nuno Couceiro, entre a função de defesa dos direitos laborais dos enfermeiros, feita pelo SINDEPOR e outros sindicatos, e a função reguladora, pertença da OE, deu o mote para um dos assuntos mais debatidos nesta sessão, que contou com cerca de 70 participantes, a maior parte alunos, muito interessados nos assuntos em discussão.
A seguir a Nuno Couceiro, António Batista afirmou: “Não gosto de ver a Ordem a ocupar os espaços que não lhe pertencem (…); não pode haver uma promiscuidade entre a defesa das leis laborais e a regulação.” Na opinião deste docente e enfermeiro desde 1986, os sindicatos não podem ser secundarizados e, nesse sentido, fez um forte apelo à sindicalização de todos os enfermeiros e, em particular, daqueles que, em breve, vão entrar na profissão.

Por seu turno, Fernando Parreira, presidente do Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPEnf) e outro dos oradores desta “mesa redonda”, recordou que os enfermeiros têm “a Ordem mais rica do país”. “Esse dinheiro dá poder; dá poder na comunicação social e poder para percorrer o país de Norte a Sul”, destacou.

De volta ao assunto, Nuno Couceiro opinou que o intercambio de informação entre a Ordem e os sindicatos “é favorável à classe” e que o trabalho de ambos deve ser “complementar”. A este propósito acrescentou que o SINDEPOR desde sempre partilha com a Ordem os assuntos que são da esfera desta, esperando que a instituição também faça o mesmo quando se tratar de assuntos sindicais. Para Nuno Couceiro é ainda muito importante que a Ordem expresse publicamente o seu apoio aos sindicatos. Se tal acontecer, acredita que isso poderá contribuir, em boa medida, para o aumento da percentagem de enfermeiros sindicalizados.

O responsável do SINDEPOR na região centro contou que, na Dinamarca, funciona de forma contrária, mas com resultados bem melhores para a classe: os enfermeiros são obrigados a ser sindicalizados e a inscrição na Ordem não implica pagamento de mensalidade. “Por isso o Governo ouve-os e ouve as suas reivindicações”, salientou Nuno Couceiro.

Destaque, nesta sessão, para o grande interesse demonstrado pelos alunos em relação às temáticas abordadas. Um interesse que não se ficou, apenas, pelos temas que, por norma, mais lhes interessam, como é o caso da elaboração de um currículo ou a melhor forma de abordar um processo de seleção para uma vaga de emprego.