Trabalhar na enfermagem em Portugal não entusiasma jovens

O coordenador da região Centro do SINDEPOR, Rui Paixão, perguntou aos alunos finalistas da licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias (ESALD), de Castelo Branco, quem estava decidido a trabalhar em Portugal. O resultado foi elucidativo: apenas 3 jovens afirmaram que querem trabalhar no nosso país.

Nada que surpreenda num país que, por volta do início deste século, pagava cerca de duas vezes e meia o valor do ordenado mínimo aos enfermeiros que iniciavam carreira no SNS. Hoje, como sabemos, o vencimento de ingresso no SNS está cada vez mais próximo do ordenado mínimo.

Na região de Castelo Branco a questão geográfica também conta. Os alunos argumentaram que basta trabalharem em Espanha para auferirem melhores ordenados podendo, ao mesmo tempo, manter a residência em Portugal. 

Ainda assim, Rui Paixão aconselhou os futuros enfermeiros a analisarem meticulosamente as propostas de trabalho no estrangeiro, verificando com cuidado as condições oferecidas, as despesas que vão ter nesse país e, sobretudo, se existem cláusulas onerosas caso optem pela rescisão.

Rui Paixão lembrou que a melhor carreira que tivemos foi quando havia mais enfermeiros sindicalizados. O enfermeiro e sindicalista reconheceu que tem havido uma perda de direitos, mas que a mesma teria sido mais acentuada se não fosse a intervenção dos sindicatos. Por isso precisamos da adesão dos mais jovens para nos conferirem maior capacidade negocial. 

O diálogo com estes alunos foi bastante positivo e profícuo, com alguns deles a colocarem perguntas interessantes e reveladoras de conhecimento sobre a realidade da profissão.

Além de Rui Paixão, participaram nesta iniciativa os dirigentes do SINDEPOR Margarida Vieira, António Pedro Vasconcelos, João Costa e Paulo Pereira. Porque mudar é preciso.