25 de Abril com cada vez menos razões para festejar
Neste 25 de Abril de 2023, “vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”, um país mergulhado em greves, manifestações e protestos diários. A insatisfação é generalizada, num Portugal em que os enfermeiros e os outros trabalhadores não recebem ordenados suficientes para enfrentar a inflação ou os custos incomportáveis com a habitação.
Um país onde as prestações por reforma da maioria dos portugueses não chegam sequer para sobreviver.
A classe média vive cada vez mais sufocada pelos impostos e recebe, em troca, serviços públicos com fraca qualidade e cada vez mais débeis, como todos os dias sentimos, em setores como a saúde, educação ou transportes. Nunca os portugueses se terão identificado tanto com o nosso lema: “Mudar é preciso!”
E alguma coisa vai ter mesmo que mudar. Falta apenas um ano para os 50 anos do 25 de Abril e muitos dos sonhos daquele dia inesquecível ficaram pelo caminho. O balanço destes 49 anos é francamente deficitário, sabe a pouco, poucochinho.
Claro que o Governo tenta acenar com resultados económicos e financeiros. Debalde, porque a maioria não sente melhorias no seu dia-a-dia. Não vê nenhum milagre da multiplicação na carteira.
O que deveras sente é uma revolta crescente perante um Governo que, apesar de ter maioria absoluta, é mais talhado para a gestão corrente do que para resolver os problemas do país. Pior ainda: vê-se forçado a trabalhar mais na resolução dos seus próprios problemas do que nas reformas e boa governação que nos faltam.
Com tantos fogos para apagar, tarda o prometido retomar das negociações para resolver os muitos problemas dos enfermeiros e da enfermagem. E se não há disponibilidade para negociar, a determinação para concretizar as necessárias mudanças só poderá ser bem mais reduzida.
Mas não nos cansaremos de lutar por esse objetivo. Em nome de Abril e da democracia e porque mudar é preciso, como todos os portugueses bem entendem e sentem.