61 enfermeiros em risco de perder o emprego no CHVNGE

O Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) tem 61 enfermeiros com contratos de substituição, necessários à instituição, mas que correm o risco de perder o emprego nos próximos meses. Neste grupo há enfermeiros que já trabalham no CHVNG/E há um, dois e três anos, tendo passado por serviços de resposta à covid-19 e outros. São também profissionais que contam com avaliações positivas.

No entanto, o histórico na instituição não os salvaguardou de terem sido ultrapassados por outros enfermeiros que, apenas acumulando dois “contratos covid” de quatro + quatro meses, já passaram a integrar os quadros da instituição. “É uma injustiça para os profissionais, que se sentem revoltados; este conselho de administração e outros contribuem para ela, mas é urgente ultrapassá-la”, aponta Carlos Ramalho, presidente do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR). “É preciso encontrar colocação para estes profissionais com contratos de substituição, ainda para mais sendo a sua necessidade incontestável”, apela.

Numa reunião realizada hoje, entre elementos do SINDEPOR e responsáveis do CHVNG/E, Dora Ventura, a diretora de recursos humanos do estabelecimento de saúde, reconheceu que há 61 enfermeiros com contratos de substituição que podem perder o emprego nos próximos meses, à medida que os colegas que estão a substituir forem regressando à instituição. Já Patrícia Cardoso, enfermeira diretora da instituição, admite “a iniquidade” desta situação, motivada pelo quadro legal que estão obrigados a cumprir.

No entanto, Tiago Ramos, coordenador regional no norte do SINDEPOR, salientou não compreender como é que estes enfermeiros com contratos de substituição, apesar das provas dadas, da experiência acumulada e da boa classificação, se encontram nas “piores posições” de uma bolsa de recrutamento aberta no CHVNG/E.

Patrícia Cardoso voltou a justificar essas posições com o estrito cumprimento da lei. Porém, Tiago Ramos tem uma leitura diferente, considerando que, nomeadamente a entrevista, um dos pré-requisitos da bolsa, “comporta alguma subjetividade” e contribui para atirar estes enfermeiros para os piores lugares. Algo que Patrícia Cardoso confirma: a entrevista piorou de facto a classificação de alguns destes enfermeiros.

“Se as coisas não forem feitas de outra forma, nunca poderemos resolver a situação destes enfermeiros com contratos de substituição”, lamenta Tiago Ramos, que lança o repto: “Apelamos a que o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, respeitando o quadro legal em vigor, encontre uma solução para estes 61 enfermeiros que nesta altura têm os seus postos de trabalho em risco.”

“Pode parecer surpreendente, mas temos tido cada vez mais enfermeiros a perguntar como poderão ir trabalhar para os Açores ou Madeira devido aos progressos que temos conquistado lá, nomeadamente ao nível da avaliação”, revela o presidente do SINDEPOR, Carlos Ramalho. “Nós respondemos que gostaríamos de ter os mesmos interlocutores que temos nos Açores e Madeira, já que, no continente, nem sequer conseguimos dialogar com a ministra e, portanto, propomos a substituição desta por um dos governantes insulares”, completa Carlos Ramalho.

A reunião de hoje permitiu ainda abordar outros assuntos. As duas responsáveis do CHVNG/E informaram que estão a ultimar a atribuição de dias de férias extra tendo em conta os dias de férias que ficaram por gozar devido à pandemia de covid-19. A par desta garantia foi também referido que todos os enfermeiros que tiverem direito ao subsídio extraordinário covid-19 vão recebê-lo. Por outro lado, os elementos do SINDEPOR elogiaram a continuação da medida Day Off, que atribui um dia de folga quando o profissional de enfermagem celebra o seu dia de aniversário.

Além de Tiago Ramos, por parte do SINDEPOR participaram na reunião de hoje a tesoureira da direção regional do norte, Helena Queirós, e a secretária, Isabel Ferreira.

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