Obstetrícia do São Francisco Xavier recebeu incubadora de transporte após denúncia do SINDEPOR
O serviço de Obstetrícia do Hospital de São Francisco Xavier (HSFX) já dispõe de uma incubadora de transporte. A novidade foi confirmada ao SINDEPOR, numa recente reunião com as diretoras de enfermagem do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Lurdes Escudeiro, e do HSFX, Mavilde Vitorino.
A chegada da incubadora de transporte aconteceu depois de o SINDEPOR denunciar, na comunicação social, o caso de um bebé, com convulsões e apneias, que foi transportado num berço normal por falta de incubadora de transporte. Lurdes Escudeiro garantiu que não houve problemas no transporte e que a decisão de levar o recém-nascido num berço normal foi médica e não da equipa de enfermeiros.
O SINDEPOR denunciou também deficiências de funcionamento em duas incubadoras/mesas de reanimação provenientes do Hospital de Santa Maria. Sobre esta questão, Lurdes Escudeiro reconheceu que o equipamento pode sofrer danos durante o transporte, mas que os mesmos foram reparados.
Tivemos ainda acesso a uma exposição de treze páginas, assinada por 15 enfermeiros da Obstetrícia do HSFX, que, entre outros problemas, aponta a falta de enfermeiros no serviço e pede escusa de responsabilidade. Esta exposição foi enviada para a Ordem dos Enfermeiros (OE) em dezembro último. No entanto, as duas responsáveis garantiram não ter tido conhecimento da mesma. Também a bastonária da OE, Ana Rita Cavaco, declarou ao Expresso não ter conhecimento desta queixa, na sequência da denúncia efetuada pelo SINDEPOR.
Um dos principais problemas que abordámos nesta reunião é o rácio de enfermeiros por puérpera/recém-nascido abaixo do estabelecido, de acordo com denúncias que recebemos dos nossos associados. As duas responsáveis garantiram que os turnos dispõem atualmente de 4 enfermeiros para 28 puérperas/recém-nascidos, o que é ligeiramente pior do que o devido: um enfermeiro por cada seis mães/recém-nascidos.
Outra das queixas dos enfermeiros prende-se com a impossibilidade de acesso aos horários mensais. Lurdes Escudeiro reconheceu que este é um aspeto a melhorar. Apontámos ainda o facto de alguns colegas terem cerca de 30 feriados por gozar e essa informação não constar.
Já sobre os pedidos de horários fixos, as duas responsáveis da enfermagem reconhecem que não é fácil encontrar lugar para tantos pedidos e que, ao mesmo tempo, isto aumenta o descontentamento dos colegas que não têm estes horários e que têm de trabalhar por turnos, em feriados e fins de semana.
Apontámos também a interrupção de passagens de turno porque as enfermeiras da Obstetrícia são chamadas para ir buscar puérperas e recém-nascidos ao bloco de partos. As duas responsáveis não têm uma solução para este problema. Já o coordenador da região Sul do SINDEPOR, Luís Mós, vincou que, não se tratando de um caso de risco de vida, a puérpera e o recém-nascido podem aguardar pela concretização da passagem de turno.
Os enfermeiros da Obstetrícia queixam-se ainda de falta de formação ao nível da reanimação de recém-nascidos. As duas responsáveis de enfermagem garantiram apenas que tem havido formação para estes enfermeiros e que têm levado as formações pedidas pelos enfermeiros ao conselho de administração do HSFX.
Referimos ainda a existência de um elevador que tanto é usado para transportar utentes como resíduos. Lurdes Escudeiro reconheceu tratar-se de uma fragilidade e que a instituição está com processos judiciais com a empresa que trata dos elevadores.
Além de Luís Mós, participaram nesta reunião os dirigentes do SINDEPOR Elsa Guerreiro e Paulo Pinto. Porque mudar é preciso.